As comemorações de um ano da Abolição, únicas realizadas ainda sob a monarquia, foram festivas em todo o país e em Desterro não foi diferente. Prédios foram embandeirados, o comércio e as repartições públicas fecharam as portas e desfiles de bandas tomaram as ruas da cidade. O despertar de seus moradores foi acompanhado de fogos e da execução do Hino Nacional. Ao longo de todo o dia, inúmeras atividades mobilizaram a população da cidade nas celebrações.
A Sociedade Diabo a Quatro, que teve ativa participação na campanha abolicionista, organizou pomposa festa no Teatro Santa Isabel (futuro Álvaro de Carvalho), que passou o dia inteiro com uma pira incandescente a sua frente simbolizando a liberdade. Germano Wendhausen foi o primeiro a levantar um brinde no banquete restrito às autoridades e à elite da cidade. Discurso após discurso, D. Pedro II e Princesa Isabel foram celebrados como grandes responsáveis pelo fim da escravidão.
Do lado de fora do Teatro, na Praça Barão de Laguna (atual XV de Novembro) concentraram-se os populares, e ao som das bandas, os festejos foram estendidos até tarde. Ao seu modo, a população, especialmente ex-escravos e seus descendentes, festejaram a esperança de novos tempos. Porém, a manutenção das hierarquias e da divisão dos espaços da cidade já davam sinais, ao bom observador, que as mudanças não seriam tão radicais como os mais otimistas poderiam esperar.
BARTHOLOMAY FILHO, Fernando. A memória da abolição em Santa Catarina: imprensa, cultura histórica e comemorações (1889-1930). Dissertação (Mestrado em História), UFSC, 2014.
“O 13 de Maio”. Conservador, Desterro. Ano VI, n. 108, 14.05.1889. Hemeroteca |Digital da Biblioteca Nacional. Disponível em: Acesso em 07.07.2018.