Segundo a memória coletiva de seus integrantes, a Escola de Samba Protegidos da Princesa foi fundada em 18 de outubro de 1948, por um grupo de amigos que se reunia na casa de Libânio da Silva Boaventura, na Rua Campos Novos, no Morro do Mocotó. Outros nomes associados à criação da Escola são o de Írio Rosa, Sílvio Serafim da Luz e Benjamin João Pereira. Alguns participaram do Bloco Narciso e Dião, mas também havia quem integrasse outro bloco carnavalesco, Os Bororós, que teria sido criado em 1938, na Rua Menino Deus, e cujos integrantes passavam graxa preta no corpo e saíam pelo centro entoando gritos de guerra.
As escolas de samba, surgidas no Rio de Janeiro na década de 1920, se consolidaram na década seguinte, coexistindo por muito tempo com cordões, ranchos e outras manifestações carnavalescas. Na década de 1940, o samba se consolidou como elemento cultural associado à identidade brasileira, parte da política cultural do Estado Novo.
Em Florianópolis, havia blocos como o Tira a Mão, o Brinca Quem Pode, os Filhos da Lua, além de sociedades carnavalescas como a Tenentes do Diabo e a Granadeiros da Ilha. Nesse contexto, foram fundadas em Florianópolis a Escola de Samba Protegidos da Princesa (no Morro da Caixa) e a Embaixada Copa Lord, em 1955, no Morro do Mocotó, no continente.
A Protegidos, como é carinhosa e informalmente chamada, presta homenagem à Princesa Isabel, celebrada nas comemorações da abolição por várias décadas, e vista hoje de forma mais crítica. Tanto o Morro da Caixa como o Morro do Mocotó conectam as escolas aos processos de transformações urbanas ocorridas no início do século 20 e que influenciaram diretamente a vida dos descendentes de escravos em Florianópolis. A organização de sociedades voltadas para o carnaval, ao longo do período pós-abolição, além de divertir e recrear, foi também uma forma de organizar a população negra em torno de referenciais comunitários que permitissem lutar por melhores condições de vida, apesar de todas as dificuldades.
ALVES, Felipe. Terreno ocupado por duas grandes sociedades carnavalescas de Florianópolis deve retornar ao Estado. Notícias do Dia, [online], 09/11/2014. Disponível em: https://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/terreno-ocupado-por-duas-grandes-sociedades-carnavalescas-de-florianopolis-deve-retornar-ao-estado. Acesso em: 15 jan. 2019.
SCHMITZ, Paulo Clóvis. Grupos formados nos morros e bairros faziam a alegria dos antigos carnavais da Ilha Notícias do Dia, [online], 28/02/2017. Disponível em: https://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/grupos-formados-nos-morros-e-bairros-faziam-a-alegria-dos-antigos-carnavais-da-ilha. Acesso em: 15 jan. 2019.
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TRAMONTE, Cristiana. O samba conquista passagem: as estratégias e a ação educativa das escolas de samba. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.