Inventário dos Lugares de Memória da Presença Africana em Santa Catarina

 Família de pessoas afrodesdendentes em frente a casa de pau a pique, em estrada de areia, em área rural

Família no Rio Vermelho, c. 1940, Edla v. Wangenheim


O Inventário dos Lugares de Memória da Presença Africana em Santa Catarina reúne locais de trabalho, de culto, sedes de sociedades recreativas, de associações de trabalhadores e outros lugares associados à história de africanos e afrodescendentes que viveram em Santa Catarina entre os séculos XVIII e XX.
 
Armações baleeiras do período colonial, engenhos de farinha e de açúcar, alambiques e fazendas de pecuária do litoral e do planalto dos séculos XVIII e XIX foram locais de trabalho de africanos e afrodescendentes tanto escravizados quanto libertos. Em comunidades esses homens e mulheres formaram irmandades, clubes e integraramassociações de trabalhadores através dos quais reforçaram laços étnicos e reivindicaram direitos, na escravidão e na liberdade. Muitos desses locais ainda existem.E mesmo quando as construções não estão mais lá, os locais foram incluídos no inventário com base em documentação. 
 
Não são lugares de memória no mesmo sentido atribuído por Pierre Nora para os lugares de memóriana França, visto que a memória coletiva ainda não incorporou os africanos e afrodescendentes como sujeitos da história de Santa Catarina e, assim, não reconheceu seu patrimônio como patrimônio de todos os catarinenses. 
 
A iniciativa desse inventário para Santa Catarina estende o trabalho feito para o Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico e da História dos Africanos Escravizados no Brasil, coordenadopela equipe do LABHOI-UFF, parte do projeto Rota dos Escravos, da UNESCO e se articula às ações de educação patrimonial do Programa Santa Afro Catarina - UFSC. 

Inventariar os lugares de memória dos africanos e afrodescendentes é reconhecer que travaram, e ainda travam, lutas por cidadania plena - direito à liberdade, à mobilidade espacial sem restrição, à remuneração justa, ao tratamento digno, o repúdio aos castigos fĩsicos e à discriminação racial - e defender uma sociedade justa, igualitária e democrática.