Em 1845, o Imperador Pedro II e sua esposa, Imperatriz Teresa Cristina, fizeram a primeira visita oficial às províncias do Sul, iniciando uma tradição que os levaria às diferentes regiões do Império. Parte da consolidação do poder da monarquia derivava das relações estabelecidas com as elites regionais e tais visitas promoviam um contato direto com os súditos, dando a oportunidade de verificar in loco o funcionamento da administração e demonstrar a generosidade que cabia a um monarca. A comitiva do Imperador desembarcou em Nossa Senhora do Desterro em 12 de outubro de 1845, aniversário de D. Pedro I e da sua aclamação em 1822, data simbólica para o regime.
A cidade havia se preparado para a visita com reformas e pintura dos prédios públicos, das casas, dos caminhos e das pontes. A comitiva foi recebida com toda a pompa e formalidade requeridas. Após as atividades oficiais em que esteve presente juntamente com as autoridades civis, militares e eclesiásticas, o Imperador fez um passeio a pé pela cidade no dia 13 e visitou o Hospital de Caridade no dia 14, para o qual doou 10 contos de réis para a construção de novo prédio.
A comitiva visitou a freguesia da Lagoa da Conceição no dia 18 de outubro, tendo seguido de barco até a ponte do Rio Itacorubi e, dali em diante, a cavalo. Dois dias mais tarde, em 20 de outubro, a comitiva visitou São José e, no dia seguinte, a freguesia de Santo Antônio das Necessidades. Nessa ocasião, em virtude da chuva e do vento, não pode desembarcar em São Miguel e retornou a Desterro. D. Pedro também visitou a Praia de Fora. Em27 de outubro, a bordo do vapor Imperatriz, a comitiva foi à freguesia do Ribeirão da Ilha e à Ilha do Campeche, porém o vento impediu que completasse a volta à Ilha. Entre 29e 31 de outubro, o casal imperial e a comitiva foram às Caldas do Cubatão, onde se banharam no ribeirão de águas mornas.
Durante a visita a Santa Catarina, o Imperador conheceu hospitais e escolas, distribuiu esmolas (mais de 6 contos de réis), comutou penas de presos, fez donativos às igrejas e distribuiu títulos honoríficos a pessoas de destaque da província. Em mais de uma ocasião, o casal imperial recebeu homens e mulheres pertencentes a todas asclasses sociais no Palácio do Governo para a cerimônia de beija-mão, em que, possivelmente, travavam contato direto com a população pobre, excluída das funçõesoficiais e jantares formais.
A comitiva seguiu para o Rio Grande do Sul, em 8 de novembro, onde ficou atéfevereiro do ano seguinte. Na volta, o Imperador e a Imperatriz permaneceram em Desterro por alguns dias (de 13 a 17 de fevereiro de 1846) antes de embarcarem para o último trecho da viagem,que os levaria à província de São Paulo, visita que durou quase dois meses.
COELHO, Manoel Joaquim D’ Almeida. Memoria Historica da Provincia de Santa Catharina. Santa Catarina: Typ. de J. J. Lopes, 1877.