Desde seu primeiro ano de aniversário, em 1889, a abolição tornou-se um evento cívico celebrado por autoridades e populares. Naquele ano, em Florianópolis, houve um jantar comemorativo que contou com a presença de autoridades como o vice-presidente da província de Santa Catarina, Cônego Eloy de Medeiros, o deputado provincial Germano Wendhausen, o tenente coronel Elyseu Guilherme da Silva, entre outros. O evento foi repleto de discursos polidos, brindes e trocas de elogios. No entanto, os jornais mal noticiaram as comemorações realizadas entre as pessoas menos abastadas ou de origem africana, limitando-se a dizer que “ao local concorreu muito povo”.
Apesar do enfoque elitista dos jornais a estes eventos, em diversas cidades pelo estado a abolição foi comemorada com entusiasmo pela população. Em 1892, a Associação dos Homens de Cor fez “festas esplêndidas” em São Francisco do Sul, e, no mesmo ano, a Sociedade Musical 13 de Maio realizou em Laguna uma sessão solene com o mesmo. Na capital, os festejos de 1914 e 1915 ganharam grande destaque na imprensa, sendo organizados por uma comissão especial e celebrados no Teatro Álvaro de Carvalho. Participaram das solenidades as principais autoridades do estado, antigos abolicionistas e diversos homens e mulheres negras que buscavam, com as celebrações, afirmar positivamente seu lugar na história do Brasil e conquistar espaço nos círculos políticos e intelectuais da capital.
O 13 de Maio era uma das datas mais importantes no calendário nacional, dia considerado feriado desde a Proclamação da República em 1889. Se, entre as elites, celebrava-se com jantares pomposos e erguiam-se brindes principalmente aos homens abastados e que contribuíram para a campanha através dos clubes abolicionistas e dos jornais, a população afrodescendente, a seu próprio modo, manteve viva a memória do glorioso dia da libertação dos escravos. A Princesa Isabel era muito homenageada, e os desafios que a população descendente de escravos tinha diante de si para alcançar a plena liberdade não eram esquecidos: a instrução e a educação eram duas das principais reivindicações. As celebrações do 13 de Maio foram espaços importantes para que homens e mulheres combatessem a discriminação de cor e afirmassem a capacidade da população egressa da escravidão em assumir todas as posições no novo regime republicano.