A União Recreativa 25 de Dezembro foi uma importante associação negra da cidade, fundada em 1933, na antiga Rua Chapecó (atual Padre Schoereder), no Morro do 25, na Agronômica. O primeiro presidente do Clube foi Epaminondas Vicente de Carvalho, que havia sido sócio do Centro Cívico e Recreativo José Boiteux na década anterior. Por muito tempo, o 25 de Dezembro não aceitou brancos como sócios, estes podiam apenas visitar, não sendo permitido que entrassem no salão para dançar. A restrição de acesso por critérios raciais não era uma exclusividade do 25 de Dezembro, inúmeros são os relatos de sociedades que impediam a entrada de negros em seus salões. Ao inverter a relação, A União explicitou uma posição política no tocante às relações raciais. Um exemplo de clubes onde negros eram proibidos de entrar encontrava-se ali mesmo, na Agronômica, no Clube Concórdia. Embora no caso do Concórdia e do 25 de Dezembro a produção de diferentes territórios negros e brancos ficasse evidenciada, ela apenas refletia a racialização operada na sociedade de forma mais ampla, processo sempre mais violento e brutal para os negros, pois era fruto de uma sociedade racista que os colocava em uma posição inferior.
Assim como outras associações da época, o 25 de Dezembro tinha uma diretoria bastante ampla, formada por presidente, vice-presidente, tesoureiro, secretário, grêmio feminino, organização de atas, regimento interno e estatuto, tesoureiro, secretário e grêmio feminino.
Em 1955, a associação foi um dos principais objetos da pesquisa de Otávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso. Dela resultou o livro Cor e mobilidade social em Florianópolis. Trata-se de uma importante obra da sociologia brasileira e por muito tempo foi a única pesquisa acadêmica que preocupou em abordar a vida e a organização da população negra da cidade.
Fonte da fotografia: Foto do acervo da associação reproduzida em ROSA, Edson, Clube mais tradicional da Agronômica, em Florianópolis, chega aos 80 anos cheio de dívidas. Notícias do Dia (Florianópolis), 25/12/2013, disponível em: https://ndmais.com.br/noticias/clube-mais-tradicional-da-agronomica-em-florianopolis-chega-aos-80-anos-atolados-em-dividas/ (acesso em 02/07/2020)
CARDOSO, Fernando Henrique; IANNI, Otávio. Cor e mobilidade social em Florianópolis. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1960.
MARIA, Maria das Graças. Imagens Invisíveis de Áfricas Presentes: experiências das populações negras no cotidiano da cidade de Florianópolis (1930-1940). 1997. Dissertação (Mestrado em História) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1997.
RASCKE, Karla Leandro. Samba, Caneta e Pandeiro: cultura e cidadania no sul do Brasil. Curitiba: CRV, 2019.