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Evento

Guerra do Paraguai
Data: 1864-1870

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito da América Latina e envolveu as nações que faziam parte da Tríplice Aliança (Argentina, Uruguai e o Império do Brasil) contra a República do Paraguai.


A guerra teve início em dezembro de 1864, na província do Mato Grosso, território brasileiro, e  estendeu-se pelos anos seguintes até março de 1870. Os historiadores divergem sobre os motivos que levaram ao conflito. Comumente apontam-se as iniciativas expansionistas do Paraguai e as pretensões brasileiras de exercer soberania regional como os principais fatores. Estima-se que, em cerca de cinco anos, morreram mais de 300 mil pessoas em combate ou por doenças.


Arregimentar pessoas para compor as fileiras do exército no século XIX foi tarefa difícil; no início do conflito existiam apenas 18 mil soldados alistados. O serviço militar era considerado pela população livre como uma forma extrema de degradação social, tanto pelas más condições da vida nos quartéis,  quanto pelo fato de concentrar em suas fileiras indivíduos considerados socialmente desqualificados. Os soldados desertores eram submetidos a punições corporais, os soldos não sofriam reajustes desde 1825, a tropa recebia péssimas acomodações, fardamento insuficiente, armamento antiquado e apenas uma refeição por dia. Durante a guerra, o Império do Brasil conseguiu levar para os campos de batalha aproximadamente 140 mil soldados, entre voluntários, escravos alforriados sob condição de se alistar, recrutas involuntários e membros da Guarda Nacional.


Diversas províncias participaram dos esforços de preparação para a guerra fornecendo militares ou cedendo espaço para abrigar as tropas. A posição geográfica de Santa Catarina fez com que a Província fosse um ponto importante na condução de recursos e tropas para o conflito na região do Rio da Prata. A Província não foi apenas um local de parada para os batalhões enquanto esperavam ser deslocados ao seu destino final. No quartel do Campo do Manejo, muitos recrutas ficaram aquartelados para receber instrução militar. Além do treinamento convencional, durante o conflito foi criada uma escola de cornetas e tambores, para suprir as carências do exército em operação. Santa Catarina também foi um dos locais que recebeu e tratou dos doentes e feridos oriundos da guerra.


A freguesia de Nossa Senhora do Desterro teve o seu cotidiano alterado pela guerra. Os governantes e a população local preocupavam-se com possíveisepidemias de doenças graves. O vice-presidente de Província expôs em relatório de agosto de 1866,  que a tropa que fez escala na Ilha no dia 12 de abril, a caminho de Rio Grande, desembarcara cerca de cem soldados atacados por varíola e sarampo. O episódio havia contagiado a tropa já aquartelada e a população de Desterro, passando também a São Miguel e São José e havia feito um certo número de vítimas. Até pelo menos 1868 os habitantes da Ilha de Santa Catarina sofreram com surtos de doenças contagiosas associados ao esforço de guerra.


A chegada das tropas também trouxe benefícios para a população da Capital da Província. O aumento dos rendimentos com o comércio deixou as contas públicas em bom estado. Até as noites ficaram mais claras, pois a iluminação pública, cujo contrato havia sido rescindido em janeiro de 1863 por falta de dinheiro nos cofres provinciais, retornou em outubro de 1868. A iluminação provida por lampiões, então, só era suspensa pelo vento sul. A eclosão do conflito fez com que o governo imperial iniciasse, em outubro de 1865, o estabelecimento de uma linha telegráfica do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, passando por Santa Catarina.


As oportunidades surgiram para diversos setores da sociedade, podia-se ganhar dinheiro, entre outras coisas, com o aluguel de casas para o exército alocar tropas ou com o incremento da venda de bebidas. As quitandeiras, por exemplo, puderam se aproveitar da situação para vender no porto suas frutas aos soldados. Ao que parece, até médicos inescrupulosos puderam aproveitar-se da guerra, trabalhando de forma negligente para o Estado e priorizando suas clínicas particulares.


Com o término do conflito, a maior parte dos destacamentos voltou para as suas províncias de origem, outros militares e paraguaios prisioneiros de guerra estabeleceram residência na Ilha e em outras localidades da Provínciade Santa Catarina.

Temas

A Desterro de Cruz e Sousa

Documentos

Monumento à Guerra do Paraguai

Tags

escravidão
exército
Guerra do Paraguai
política

WEGNER, Felipe Henrique. Santa Catarina vai à guerra: a mobilização militar catarinense durante a Guerra do Paraguai. Universidade Federal de Santa Catarina (Trabalho de conclusão de curso), 2010.