O Largo 13 de Maio foi formado pelo primeiro aterro de grande extensão na Baía Sul de Florianópolis, iniciado na década de 1880. Ocupava a área entre a Ponte do Vinagre (hoje esquina da Av. Hercílio Luz com Rua Tiradentes) e a Ladeira do Menino Deus (hoje Rua Menino Deus, acesso ao Hospital de Caridade). Em 1900, Virgílio Várzea testemunhou: “Não é ajardinado como os outros [largos] mas abre sobre a linha do cais chamado do Menino Deus, de onde se goza magnífica vista de mar.” (VÁRZEA, 1900). Sua localização corresponde, hoje, à área entre o Instituto Estadual de Educação e a Praça da Bandeira.
O Largo 13 de Maio tinha casas alinhadas, voltadas para o mar, contrastando com as das ruas próximas, como o Beco do Irmão Joaquim, ou “Beco Sujo”, onde havia construções precárias e habitações coletivas pejorativamente designadas como cortiços. As obras de canalização do Rio da Bulha e a abertura da Avenida Hercílio Luz (dita “do Saneamento”), em 1922, acarretaram a demolição de muitas dessas construções consideradas insalubres.
As comemorações do feriado de 13 de maio, na República, com frequência tinham como ponto de partida o Largo. Em 1890, por exemplo, um cortejo foi organizado pelo Clube Literário dos Estudantes e integrado pela Sociedade Carnavalesca Diabo a Quatro. À noite, em coretos armados no Largo 13 de Maio, que estava enfeitado com bandeiras e bastante iluminado, tocaram as bandas Carlos Gomes e Igualdade.
Na década de 1910, existia no Largo, próximo à Prainha, o Clube Recreativo Flor da Mocidade, uma sociedade dançante de negros e mulatos que se tornou importante espaço de sociabilidade, funcionando até o ano de 1917. Também nessa região nasceu e cresceu o poeta negro Trajano Margarida.
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