As imediações do Campo do Manejo – o terreno contíguo ao Quartel da Tropa – foram ocupadas, até o início do século 20, por habitações populares. Nelas residiam, possivelmente, familiares dos recrutados e militares de baixa patente, predominantemente de origem africana. As mulheres, muitas delas lavadeiras, trabalhavam no Rio da Fonte Grande. A região, originalmente, ficava à margem da parte central da cidade, que se estendia do Largo da Matriz até a Ponte do Vinagre (hoje Praça XV de Novembro e esquina da Av. Hercílio Luz com Rua Tiradentes, respectivamente).
Já na segunda metade do século 19, a região da Toca recebeu atenção de sanitaristas preocupados com focos de doenças contagiosas. Com o crescimento da cidade na vidada do século 20, multiplicaram-se ali multiplicaram-se ali as habitações fruto da subdivisão de velhos casarões, os chamados cortiços. O “Beco Sujo” passou a ser área considerada degradada e, no início da década de 1920, foi alvo das reformas relacionadas à canalização do rio e abertura da Avenida Hercílio Luz. A população pobre que ali morava acabou empurrada em direção aos morros do Maciço do Morro da Cruz.
Fotografia: Beco Sujo, Campo do Manejo, 1920. Fonte: Casa da Memória. Acervo A 0153.
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