Morávamos à rua do Vigário, hoje Fernando Machado, e já era viúvo o meu pai.
Tinha ido cobrar uma dívida a meu pai, da casa comercial do Camilo, vendedor de charque de Montevidéu, num dos compartimentos do mercado, do qual era ele, o Cruz e Sousa, caixeiro cobrador e mesmo de balcão, em 1881.
Trajando um fato muito unido ao corpo, de cor clara e salpicos azuis e amarelos, ei-lo com uma rosa branca à lapela, e a sua indispensável bengala de junco, dependurada à curva do braço esquerdo.
Jovial e encantador, conversava a respeito do Marechal Guilherme, de quem meu pai era muito íntimo, quando apareci, para recuar em seguida, à porta que dava para o corredor da casa, no interior.
– Venha cá, meu filho, venha apresentar-se ao Cruz, ao nosso querido poeta.
Juvêncio de Araújo Figueredo relata nas suas memórias seu encontro com Cruz e Sousa, em 1881. Cruz e Sousa trabalhava como atendente e cobrador de uma das lojas do Mercado e, já àquela época, distinguia-se pela aparência impecável. João, então com 20 anos, e Juvêncio, três anos mais moço, seriam amigos e colaboradores nos anos seguintes.
FIGUEREDO, Juvêncio de Araújo. No Caminho do Destino. In: CARNEIRO, Carlos da Silveira. Enciclopédia de Santa Catarina. Florianópolis. v. 20. Coleção especial de obras raras da Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina. (f. 30)